A Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap), juntamente com parceiros, está estimulando a prática da caprinocultura em maior escala na região do Cariri Oriental, por ser uma atividade que garante renda e qualidade de vida às famílias do semiárido.
A iniciativa tem por objetivo promover a expansão da bacia leiteira de caprinos nos municípios de Amparo, Assunção, Camalaú, Congo, Coxixola, Ouro Velho, Parari, Livramento, Monteiro, Prata, São João do Tigre, São José dos Cordeiros, São Sebastião do Umbuzeiro, Serra Branca, Taperoá, Zabelê, Caraúbas, Gurjão, Santo André, São João do Cariri e Boqueirão, todos no Cariri Ocidental, onde já se desenvolve com êxito a bovinocultura leiteira.
O gerente regional da Empaer em Campina Grande, Ailton Francisco dos Santos, reconhece que “essa adesão à caprinocultura leiteira vem suprir a vulnerabilidade da atividade agrícola devido às condições climáticas do semiárido, tornando-se uma das principais atividades econômicas para gerar renda e manter o homem ao campo”.
Ele lembrou que a Empaer, por meio de sua Diretoria de Pesquisa Agropecuária, dispõe de estudos científicos que permitem a criação de raças que se destacam na produção de leite, como também para animais destinados ao abate. Segundo o técnico, o manejo adequado dos animais e as políticas públicas de compra de leite, por exemplo, estão contribuindo para o crescimento do número de criadores interessados na criação de cabras.
Destacou, ainda, que na região do Cariri ocidental grande parte das propriedades produzem de 16 a 30 quilos/leite/dia. Já na região do Cariri oriental observa-se maior percentual de produtores com faixa de produção de 5 a 15 quilos/leite/dia, o que deve mudar com a introdução de raças com maior aptidão à produção de leite.
Junto com outros parceiros, a Empaer vem trabalhando na conscientização de gestores municipais e de produtores rurais para essa atividade que se constitui em uma atividade que garante renda e qualidade de vida às famílias. “Muitas prefeituras têm sido fundamentais nesse processo de fortalecimento da caprinocultura. Tudo está sendo realizado de forma organizada, com assistência e orientação técnica. Atualmente, na região, pelo menos 60 criadores estão fornecendo ao Programa PAA Leite”, comentou Airton.
O extensionista Simão Albino, de Alcantil, destacou que por ser uma raça bastante forte e rústica, a Toggenburg, de origem suíça, suporta variadas condições de clima. A raça vive e produz bem em regime de meio ou completo confinamento. “Produz em média 600 kg de leite por período de lactação, com 3,5% de gordura, o que é muito para o produtor”.
Criador modelo – O agricultor familiar Márcio Luís de Oliveira Silva, do Sítio Estrada Nova, em Alcantil, no Cariri, produtor de leite, que já foi primeiro lugar no ranking nacional de cabra leiteira e melhor expositor da raça Toggenburg, em exposição promovida pela Associação Brasileira de Criadores de Caprinos, se destaca como símbolo da caprinocultura praticada na Paraíba.
O criador Márcio Luís cria cabras da raça Toggenburg, retirando do plantel uma produção diária de 22 a 40 litros de leite. Para alimentar o plantel de 30 animais, ele dispõe de um suporte forrageiro com palma, capim buffel e gliricídia, numa pequena área da propriedade.
Orientado pela empresa de extensão rural, ele passou a criar cabras, produzia queijo que comercializava nas feiras livres da região. Agora fornece ao Programa PAA Leite. Mesmo com a estiagem que se verificou na região, depois de fazer as contas e retirar as despesas, obtém uma boa renda mensal com essa atividade. Cita o exemplo de que dez cabras proporcionam uma renda de R$ 3.339,00, que retirados os investimentos com ração e outros itens deixa um bom lucro.
A propriedade trabalhada mede 7,5 hectares de terras, onde se cultiva forrageiras para a produção de silagem utilizada na alimentação dos animais durante o período de estiagem. “Além de cabras, criamos galinha caipira, uma das melhores fontes de renda”, garante Márcio Luís, que também é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alcantil.