O presidente estadual do PT, Jackson Macedo, concedeu entrevista a imprensa, nesta quinta-feira (03), e disse defender uma indicação técnica, por parte do presidente Lula, para o cargo de juiz do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB), na categoria jurista. Os advogados que disputam a indicação são: Rodrigo Clemente de Brito Pereira, Luis Fernando Benevides Ceriani e Miguel de Farias Cascudo.
“As indicações que acontecem devem ser indicações técnicas, pelo menos essa é a previsão que a gente tem que o presidente Lula faça na indicação do TRE aqui da Paraíba”, disse.
Na entrevista, Jackson também analisou o cenário político na Paraíba e a participação do partido nas eleições de 2026. Segundo ele, o PT defende a manutenção do palanque formado em torno do governador João Azevedo, que tem outros partidos como Progressistas, como Republicanos.
Confira abaixo a entrevista com Jackson Macedo na integra:
1. Presidente Jackson, o cenário político já começa a se movimentar para 2026. O PT na Paraíba terá candidatura própria ao Governo do Estado ou deverá compor com alguma outra legenda?
Jackson Macedo: Olha, o cenário de 2026 é, na minha opinião, que vai demandar do PT a construção de palanques amplos, com outras forças políticas do centro da política que define a democracia para evitar a volta do bolsonarismo no país. Então, assim, não adianta o PT eleger 27 governadores e Lula perder a reeleição. Então, nós temos que dialogar com o segmento da política, logicamente continuar dialogando com a esquerda, com o campo democrático popular, mas devem ampliar esse palanque nos Estados, com outras forças políticas que ajudam hoje o presidente Lula a governar. Na Paraíba, esse palanque está sendo formado em torno do governador João Azevedo, que tem outros partidos como Progressistas, como Republicanos, enfim, partidos que ajudam o governador João Azevedo a governar, é importante que esse campo esteja alinhado também nacionalmente com o presidente Lula. Para a gente isso é mais importante, então é o campo que o PT deve priorizar o debate para as eleições de 2026 aqui na Paraíba.
2. Em caso de composição, o senhor pode nos dizer se há alguma preferência por parte do PT quanto aos grupos políticos hoje mais influentes no Estado, como o grupo do governador João Azevêdo ou o do senador Veneziano Vital?
Jackson Macedo: Então, como disse, o campo prioritário de debate é o campo que tem o governador João Azevedo. O governador João Azevedo, o PSB, é o principal aliado do presidente Lula no estado, já presidiu o consórcio Nordeste, o PSB é o principal aliado do PT na Paraíba, foi o partido que mais nós fizemos aliança nas eleições municipais. Então, assim, o campo de preferência que nós temos é dialogando com o PSB e com o governador João Azevedo. Logicamente que esse cenário ainda não está construído, esse tabuleiro não está montado. A gente espera construir esse tabuleiro com todas essas forças políticas, o racha desse campo é muito ruim para a política do estado. Fundamentalmente para o PT, o que a gente quer de verdade, é que todo esse campo esteja em torno do presidente Lula, para a gente é fundamental.
Sobre Veneziano, ele tomou a decisão dele no estado, ele é um aliado nacional que nós temos, aliado do presidente Lula, é um senador importante para o nosso campo, mas na Paraíba tomou a preferência de estar no outro lado da política. E se juntar com os Cunha Lima, com Efraim Moraes, de União Brasil. No segundo turno, em João Pessoa flertou com Marcelo Queiroga. Marcelo Queiroga e o PL flutuam nesse campo de oposição no Estado que ele está. Então, para a gente é muito estranho que o veneziano continue dialogando com esse segmento, mas ele acha que tem que continuar, é um direito que ele tem, é um direito do MDB, nós respeitamos, mas temos ele como aliado do presidente Lula em nível nacional.
3. A direção nacional do partido tem dado alguma sinalização sobre qual linha seguir nos Estados? O presidente Lula tem participado dessas articulações locais?
Jackson Macedo: Olha, a sinalização nacional é de ampliação do Palanque de Lula. Tem várias falas da presidenta Gleisi Hoffmann, que agora é ministra; de Edinho Silva, que vai ser presidente nacional agora na eleição; que nós vamos ter, de que nós devemos ampliar o Palanque de Lula. Não podemos manter só a esquerda. Nós não vamos vencer a eleição de 26 só com a esquerda, mas nós temos que trazer o centro da política para esse debate de 2026, é fundamental para a nossa vitória.
4. Como o senhor avalia o espaço que o PT ocupa hoje na administração estadual? Há interesse em ampliar essa participação, ou há insatisfações que justifiquem um afastamento do governo?
Jackson Macedo: Olha, sinceramente, esse debate de participação de governo nunca foi debate no PT, nunca foi um debate priorizado dentro do PT. Participar de governo A, de governo B, o mais importante é que nós temos um governador João Azevedo, um aliado de primeira hora do presidente Lula e do nosso partido. Isso para a gente é o mais importante. A manutenção desse campo em torno do projeto de reeleição do presidente Lula para a gente é mais importante, porque a gente sabe o que significa a volta do bolsonarismo nesse país. O país não vai aguentar mais quatro anos de bolsonarismo. Então, participar de governo é uma consequência, mas o PT nunca tratou isso como prioridade. Então, o PT está no governo, tem a Secretaria da Agricultura Familiar, o adjunto da Secretaria da Agricultura Familiar, tem o secretário-executivo da Juventude, com o companheiro Matias. Então, para a gente esse debate é um debate menos importante.
5. Recentemente, a imprensa noticiou movimentações em torno da formação da lista tríplice para o cargo de juiz do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba. O senhor acredita que o presidente Lula poderia vir a nomear alguém identificado com o bolsonarismo para essa função?
Jackson Macedo: Essas indicações no momento são técnica, né. Particularmente tenho uma opinião muito pessoal. Eu acho muito estranho as indicações por parte do Executivo nesses tribunais, quer seja nos tribunais eleitorais, nos tribunais de justiça, quer seja nos tribunais de conta. Eu tenho uma opinião formada, que eu acho isso estranho, né, eu particularmente sou contra, mas é uma regulamentação que existe no país, é garantido por lei, mas é é no mínimo estranho por exemplo governador indicar desembargador, governador indicar conselheiro do Tribunal de Contas, o presidente indicar conselheiro do TCU, o presidente indicar juíza eleitoral, quer dizer, eu acho isso muito estranho. Agora, as indicações que acontecem devem ser indicações técnicas, pelo menos essa é a previsão que a gente tem que o presidente Lula faça na indicação do TRE aqui da Paraíba.
6. Como o senhor avalia a importância da neutralidade ideológica na composição dos tribunais eleitorais, sobretudo em um momento de polarização política no país?
Jackson Macedo: A neutralidade ideológica é o que a gente espera das Cortes, da justiça, minimamente isso, tanto da justiça eleitoral como da justiça comum, dos tribunais de contas, da União e dos estados. O que a gente espera é a neutralidade, agora infelizmente você tem uma interferência direta do Executivo nessas indicações, que eu acho estranho, como eu disse na fala anterior, mas está garantido por Lei, garantido pela legislação, mas o que a gente espera é que ao assumir esse cargo você tenha uma neutralidade política dessas pessoas.
7. Por fim, qual será a principal estratégia do PT para ampliar sua presença na política paraibana nas eleições de 2026, tanto no legislativo quanto no executivo?
Jackson Macedo: O PT está construindo já isso, está buscando uma montagem de uma chapa competitiva, o PT é o único partido da Paraíba que elege deputado federal desde 1998, desde 1998 em todas as eleições. Até a última agora o PT elegeu deputado federal. Quase elegemos senador com Luiz Couto. O PT tem condições de ampliar a sua apresentação na Assembleia Legislativa tranquilamente. Hoje tem dois deputados, a gente pode ampliar tranquilamente pra quatro deputados com a chapa que nós estamos montando e temos condição de manter o nosso mandato de deputado federal, que é esse o grande objetivo do PT. Muita gente acha que pode eleger dois federais é difícil, é muito difícil. São 300 mil votos pra fazer dois deputados federais, mas manter o mandato de deputado federal e ampliar a nossa representação na Assembleia pra gente é fundamental e é importante.