Com a reeleição consolidada em 2024 e uma base política robusta, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), passou a ser naturalmente cotado como possível nome do Partido Progressistas para disputar o Governo da Paraíba em 2026. Nos últimos meses, inclusive, Cícero tem intensificado sua presença no interior do estado, marcando presença em eventos e agendas regionais — um movimento que tem reforçado ainda mais a especulação de que ele está, sim, se preparando para disputar o Palácio da Redenção.
No entanto, uma movimentação no tabuleiro político pode remisturar as peças e colocá-lo fora da corrida dentro do próprio partido. O cenário especulado envolve o governador João Azevêdo (PSB) decidindo disputar uma vaga no Senado, o que abriria caminho para o atual vice-governador, Lucas Ribeiro (PP), assumir o comando do estado. Nesse contexto, Lucas passaria a ter a máquina estadual nas mãos e, com o apoio do seu tio Aguinaldo Ribeiro (principal liderança do PP na Paraíba) e da mãe, a senadora Daniella Ribeiro, se credenciaria como candidato natural à reeleição dentro da própria legenda. Restaria a Cícero, o Caboclinho, portanto, duas alternativas: aceitar a decisão partidária ou buscar outro abrigo para viabilizar sua postulação ao governo.
Apesar de Cícero repetir que é um homem de partido e evitar qualquer especulação sobre uma possível saída do PP, nos bastidores crescem as apostas sobre eventuais destinos partidários. E o primeiro nome que surge é justamente o PSB, do governador João Azevêdo. A relação entre Cícero e João é marcada por uma sólida parceria político-administrativa, construída ao longo de quase seis anos — desde 2020, quando o então governador foi peça-chave na eleição de Cícero à Prefeitura de João Pessoa, repetindo o apoio em 2024.
A afinidade política entre os dois é pública, e há confiança mútua. Migrar para o PSB não seria um salto no escuro, mas uma transição natural em meio a uma aliança já consolidada. Além disso, o PSB já sinalizou o desejo de se manter competitivo em 2026 e teria em Cícero um nome de peso para sustentar esse projeto.
Outro partido citado com frequência nos bastidores é o Avante. A legenda é atualmente comandada na Paraíba pelo secretário de Turismo de João Pessoa, Victor Hugo, ex-prefeito de Cabedelo e aliado de primeira hora de Cícero. Aliás, os laços entre as famílias são estreitos: antes de ser deputado federal, o filho de Cícero, Mersinho Lucena, foi vice-prefeito de Victor Hugo em Cabedelo. Há quem diga que a presidência de Victor Hugo no Avante teve o dedo de Cícero. Numa eventual mudança, o caminho para o Avante estaria aberto, com apoio político e espaço de protagonismo — até mesmo assumindo o comando estadual da sigla.
Um terceiro nome cogitado é o PDT, que, embora atualmente não tenha representação na Assembleia Legislativa nem na Câmara dos Deputados pela Paraíba, integra a base de apoio do governador João Azevêdo. Em João Pessoa, o partido tem apenas dois vereadores. Com a chegada de Cícero, o PDT se fortaleceria substancialmente, o que certamente atrairia o interesse da executiva nacional da legenda, sempre atenta à inserção de quadros com densidade eleitoral.
Por ora, tudo ainda está no campo das hipóteses. Mas a dúvida começa a pairar: e se o PP já tiver um candidato ao governo em 2026 que não seja Cícero Lucena? O prefeito pessoense, com capital político, prestígio administrativo, bons índices de aprovação e liderando várias pesquisas, além de uma agenda cada vez mais estadualizada, certamente não ficará fora do jogo. A questão é apenas por qual camisa ele entrará em campo.
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