Uma reportagem publicada em 6 de fevereiro de 2025 pelo jornal O Globo revelou sérias irregularidades no programa Cozinha Solidária, lançado em novembro de 2024 pelo presidente Lula.
O programa, que visa fornecer refeições gratuitas a pessoas carentes, contratou diversas ONGs em 12 estados brasileiros. A reportagem investigou ONGs em São Paulo, expondo supostas fraudes em contratos.
Em São Paulo, a ONG Mover Helipa, comandada por José Renato Varjão, ex-funcionário do gabinete do deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), subcontratou uma rede de ONGs ligadas a petistas. Varjão atribuiu a ligação com o PT à coincidência.
“Quem não estiver fazendo as entregas vai ter que devolver os recursos. Mas não teve influência de parlamentares. Foi mera coincidência.” concluiu José Renato Varjão.
Entre as ONGs subcontratadas está a Cozinha Solidária Madre Teresa de Calcutá, responsável por Paula Souza Costa, ex-assessora do ex-vereador Arselino Tatto (PT). Apesar de declarar ter entregue apenas 250 marmitas em janeiro de 2025 (5% do combinado), a ONG recebeu R$ 11 mil em dezembro de 2024 por 4.583 marmitas supostamente entregues, o que não ocorreu.
Situação semelhante foi encontrada na Cozinha Solidária Unidos Pela Fé, chefiada por Claudinei Florêncio, ex-assessor de Arselino Tatto. Nenhuma marmita foi entregue, mas a prestação de contas indicou a entrega de 4.583 refeições em dezembro de 2024. Florêncio não comentou sobre as discrepâncias.
O Instituto Rosa dos Ventos, de Anderson Clayton Rosa (assessor de Nilto Tatto), também apresentou discrepâncias: embora devesse entregar 4.583 marmitas, declarou ter fornecido apenas 400 em janeiro de 2025.
A reportagem também investigou a Cozinha Solidária Divino Espírito Santo, ligada a um ex-auxiliar do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT-SP). Apesar do contrato prever 4.583 marmitas mensais, apenas 70 eram produzidas diariamente. O deputado negou envolvimento.
O Ministério do Desenvolvimento Social, comandado por Wellington Dias, anunciou que irá investigar as irregularidades. Caso comprovadas, as ONGs podem ter seus repasses suspensos e serem obrigadas a devolver os recursos.
A análise de relatórios de prestação de contas revelou semelhanças preocupantes: 13 relatórios com termos e rubricas idênticas, criados na mesma semana de dezembro de 2024 por um único usuário, Fábio Rubson da Silva, advogado da Mover Helipa.
*Reportagem produzida com auxílio de IA