O ex-presidente do PMDB e ex-vice-prefeito de João Pessoa, o engenheiro Haroldo Lucena, faleceu neste domingo (29). Ele teve complicações decorrentes de uma pneumonia e chegou a ser internado em hospital, mas os familiares acabaram levando-o para casa.
Haroldo Lucena foi vice-prefeito de João Pessoa entre os anos de 2001 e 2004, na segunda gestão do prefeito Cícero Lucena, à época filiado ao PMDB. Ele também foi secretário de Transportes e Obras na gestão do ex-governador Tarcísio de Miranda Burity.
Nas redes sociais, políticos, parentes e amigos lamentaram a morte de Haroldo Lucena. Para a sobrinha, a ex-deputada estadual Iraê Lucena, o tio deixa um legado de “homem íntegro que sempre pautou sua vida com honradez e ética”.
“Nesse momento de dor e saudade peço a Deus que conforte os nossos corações, principalmente, de minha tia Socorro e seus filhos: Haroldinho, Hermano, Ricardo, Esmeralda e Isabela. Que Deus o receba em seus braços”, postou Iraê.
História
Haroldo comandou os destinos do PMDB, hoje MDB, na grave crise por ele enfrentada e que selou o confronto entre o então governador José Maranhão e o senador Ronaldo Cunha Lima pelo controle do partido. A crise culminou com a defecção dos Cunha Lima e aliados mais próximos, que ingressaram no PSDB. O pivôt foi a luta pela indicação de candidatura ao governo em 98, com a morte de Antônio Mariz, diante do interesse de Maranhão, que como vice ascendeu à titularidade, de concorrer ao Executivo, o que era pleiteado, também, por Cássio Cunha Lima.
Haroldo Lucena se dizia peemedebista autêntico, “pré-histórico”, citando o autor da definição, José Maranhão, que faleceu vítima de covid-19. Egresso do PSD, Haroldo jurava fidelidade ao PMDB, que foi comandado por seu irmão por vários anos depois da morte do senador Ruy Carneiro. Em 1988, Haroldo foi candidato a deputado estadual, mas teve votação inexpressiva decorrente do próprio fato de não ser um militante político. Conhecedor profundo da máquina peemedebista e da influência que essa sigla desempenhou na crônica política do Estado, Haroldo distanciou-se de Cícero em pleno mandato deste, por causa da sua adesão ao PSDB. “Até o último dia do cargo que exerço, pretendo cumprir as missões que me forem delegadas”, revelou, em março de 2001.
Em 1985, quando foram restauradas as eleições diretas nas Capitais, o nome de Haroldo chegou a ser lançado por Antônio Mariz como postulante à prefeitura de João Pessoa, mas ele acabou cedendo o lugar para Carneiro Arnaud, que se elegeu derrotando Marcus Odilon Ribeiro Coutinho, do PTB. Em 88, o então governador Tarcísio Burity foi a primeira pessoa a lhe convidar para ser candidato a prefeito, incentivando-o nesse propósito. Mais tarde, por questões políticas, Burity “desembarcou” da candidatura de Haroldo e passou a apoiar a candidatura do empresário João da Mata. O vitorioso acabou sendo o ex-governador Wilson Braga. Haroldo explicava que por não ser homem de renúncia manteve a candidatura até o fim. “Entendia que se o partido me escolheu, eu deveria levar a campanha adiante, mesmo sabendo que não obteria êxito, primeiro porque o governador nos negou apoio e depois porque Wilson Braga, que também iria nos apoiar, lançou-se candidato de última hora e ganhou, até por ser a maior liderança política na época, em João Pessoa”, confessou ele em depoimento.