Um projeto ousado com revitalização do casarão localizado na avenida João Machado, tombado pelo Iphaep , que se transformará no “Palacete 276”, com um Museu, Cento Cultural, restaurante e a sede do Instituto Solange e Odilon Ribeiro Coutinho, acaba de ser premiado pelo IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento da Paraíba.
A cerimônia de premiação ocorrerá no próximo dia 15 de dezembro, na sede do IAB ( Instituto dos Arquitetos do Brasil, departamento da Paraíba), no Largo de São Frei Pedro Gonçalves, 02, Varadouro, João Pessoa.
O Blog procurou o arquiteto Fabiano Melo, do escritório Vila Nova, responsável pela elaboração do projeto, para obter mais informações sobre a ousada iniciativa que vem ao encontro do debate atual na cidade de João Pessoa, sobre a revitalização do Centro Histórico.
O PROJETO – A Proposta de intervenção em conjunto eclético situado na avenida João Machado, 276, em
área de preservação rigorosa de João Pessoa/PB, delimitada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP). O projeto prevê a restauração do conjunto e sua conversão de uso residencial para abrigar a sede do instituto da família, Centro de Cultura e Memória e Café.
HISTÓRIA DA CONTRUÇÃO DO CONJUNTO NA AVENIDA JOÃO MACHADO, 276 – O conjunto foi construído nos anos 1920 pelo Usineiro João Úrsulo Ribeiro Coutinho (1876-1930) e é composto de duas edificações implantadas em lote com cerca de 4,5 mil m². A edificação principal, antes residência, possui dois pavimentos e encontra-se com suas características espaciais, estruturais, tipológicas, decorativas e volumétricas bastante
preservadas. A segunda edificação, que abrigara garagem e cômodos para empregados, encontra-se em avançado estado de arruinamento. As edificações somam cerca de 490m² e ocupam menos de 10% da gleba, que conta ainda com várias árvores centenárias, palmeiras imperiais e precioso gradil em ferro fundido e desenho Art Nouveau.
ETAPA À ETAPA DE PROPOSTA DE INTERVENÇÃO – Para dar suporte à proposta de intervenção arquitetônica aqui exposta, algumas etapas importantes precisam ser destacadas. São elas: Pesquisa histórica – pesquisa documental que levantou informações sobre a família proprietária e sobre a obra do conjunto situando-a não
só no estado da arte da arquitetura e urbanismo de sua época, mas a contextualizando em relação às transformações sociais e territoriais da cidade. Levantamento cadastral – Registro gráfico e fotográfico de todos os elementos físicos do conjunto arquitetônico, incluindo esquadrias, escadas, telhados e ornamentos; Mapeamento de danos e Diagnóstico – identificação e mapeamento de patologias e danos das edificações e avaliação do estado da edificação.
IMPORTÂNCIA HISTÓRICA, ARTÍTSTICA, CULTURAL E ACESSO DA POPULAÇÃO – O principal desafio de projeto foi definir uma estratégia de ocupação do conjunto que permitisse a manutenção sua materialidade com o acesso ao bem pela a população. Para tanto, o pavimento térreo da edificação principal foi restaurado e convertido em Centro de Memória. Seus bens integrados (móveis, livros, objetos de decoração) serão inventariados e expostos nos cômodos antes destinados à habitação. Foram projetadas estruturas de rampas metálicas, plataformas, mobiliários e expositores que redefiniam os acessos e fluxos e permitiam o novo uso proposto. Todas as estruturas criadas têm como premissas: reversibilidade; distinguibilidade e a intervenção mínima. O pavimento superior, que antes abrigava os dormitórios, foi ocupado com funções administrativas do instituto, como salas de reunião, diretoria e administração. Para a edícula, o processo de arruinamento foi estabilizado e inserido bloco contíguo que permitiu novos usos que apoiassem o funcionamento de todo o
complexo, como bateria de sanitários coletivos e restaurante.
Nos espaços livres, árvores foram preservadas, praças e estacionamentos foram pensados de forma a privilegiar a
percepção dos edifícios pelos pedestres. O gradil em Art Nouveau foi restaurado e um muro construído posteriormente foi substituído por um gradil contemporâneo que viabiliza o acesso de veículos, mas também dá caráter de equipamento público à antiga residência.
A importância do Palacete 276 ultrapassa seus valores artísticos e estilísticos. Este conjunto arquitetônico guarda em si a memória de importantes marcos históricos, sociais e econômicos de um país antes agrário e que pretendia fixar-se nas cidades. O acesso a este patrimônio interessa a toda sociedade.
Projeto: Palacete 276 – Restauração de conjunto eclético no centro histórico de João
Pessoa/pb
Autor:
Fabiano Melo, Arquiteto e Urbanista, sócio fundador do escritório Vila Nova
Contatos: (83) 981297217
Email: fabiano@vilanovaarq.com
Instagram: @fabianomelo @vilanovaarq
Colaboradores:
Deivid Borges, Arquiteto e Urbanista
Louise Almeida, Arquiteta e Urbanista
Raissa Borges, Arquiteta e Urbanista
Consultores externos:
Para a pesquisa histórica: Paula Ismael, Arquiteta e Urbanista
Para o mapeamento de danos e diagnóstico: Mércia Parente, Arquiteta e Urbanista
Para o laudo estrutural: TECNCON. Nereu Filho, Engenheiro Civil
Estagiários de Arquitetura e Urbanismo
Bianka Almeida – UFCG
Clara Barbosa – UFCG
Fabiano França – UFCG
João Luiz Luna- UFPB
José Neto – UFCG
Thalia Alzira – UNIFACISA
Imagens: Fotos do edifício atual (Fabiano Melo), Fotos de catálogos (Pesquisa Paula Ismael),
Diagramas e Mapas (José Neto), Renderizações (João Luiz)